A decisão “vai afetar os usuários de redes sociais que buscam informações precisas e confiáveis para tomar decisões em sua vida cotidiana e em interações com amigos e familiares”, disse.
Recompor a relação
O anúncio da Meta ressalta muitas das críticas dos republicanos e do proprietário do X, Elon Musk, sobre os programas de verificação de fatos que muitos conservadores consideram censura.
O fundador da Tesla e da SpaceX, Musk, comemorou a decisão nesta terça-feira. “É legal”, disse nas redes, junto com uma captura de tela de um artigo intitulado “Facebook dispensa os ‘fact-checkers’ em uma tentativa de ‘restaurar’ a liberdade de expressão”.
Zuckerberg afirmou no anúncio que “as eleições recentes [de 5 de novembro] parecem ser um ponto de inflexão cultural para, mais uma vez, priorizar a liberdade de expressão”.
Esta mudança de estratégia ocorre no momento em que o CEO tem feito esforços para se reconciliar com o presidente eleito dos EUA, incluindo uma doação de US$ 1 milhão (R$ 6,1 milhões na cotação atual) para seu fundo de posse. O republicano assumirá o cargo na Casa Branca em 20 de janeiro.
Trump tem sido um crítico severo da Meta e de Zuckerberg nos últimos anos, acusando a empresa de apoiar políticas liberais e de ter uma visão tendenciosa contra os conservadores.
O magnata republicano foi expulso do Facebook depois que seus partidários invadiram o Capitólio em 6 de janeiro de 2021, em Washington, em uma tentativa de impedir a certificação da vitória do rival democrata Joe Biden. No entanto, a empresa restabeleceu sua conta no início de 2023.
Gestos corporativos
Zuckerberg também jantou com o futuro presidente na residência de Trump em Mar-a-Lago, em novembro, em outra tentativa de consertar o relacionamento da empresa com o candidato republicano após sua vitória eleitoral.
Outro gesto recente do CEO da Meta para com o governo Trump foi a nomeação, na semana passada, de Joel Kaplan, um membro do partido republicano, para chefiar os assuntos públicos da companhia, substituindo Nick Clegg, ex-vice-primeiro-ministro britânico.
“Muito conteúdo inofensivo é censurado, muitas pessoas são injustamente presas na ‘cadeia do Facebook'”, disse Kaplan em um comunicado, insistindo que a abordagem atual da moderação de conteúdo “foi longe demais”.
Zuckerberg também nomeou Dana White, diretor do Ultimate Fighting Championship (UFC), um aliado próximo de Trump, para a diretoria da Meta.
Como parte da reestruturação, a Meta disse que transferirá suas equipes de confiança e segurança da Califórnia (oeste), onde as opiniões liberais são generalizadas, para o Texas (sul), um estado mais conservador.
“Isso nos ajudará a criar confiança para fazer esse trabalho em lugares onde há menos preocupação com os preconceitos de nossas equipes”, disse Zuckerberg.
PREOCUPAÇÃO DA ABRAJI
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em nota, disse ver com preocupação o anúncio de que a Meta não apoiará mais os veículos jornalísticos dedicados à checagem de fatos e ao combate à desinformação nas redes sociais.
“O trabalho de agências e checadores é feito de forma criteriosa e segue regras de transparência e equilíbrio quando feito de acordo com princípios estabelecidos pela organização International Fact-Checking Network (IFCN). É importante frisar que os profissionais desse segmento não retiram conteúdo do ar. Eles seguem um método que busca apontar erros factuais e informações enganosas que podem causar dano ao direito dos cidadãos de receberem informações verificadas. A ação voluntária de usuários das redes não é capaz de substituir a checagem profissional de fatos, principalmente em um cenário em que a poluição do ambiente informativo provoca danos evidentes à democracia, especialmente com o avanço de ferramentas como a inteligência artificial”, diz a Abraji.
A Abraji, que coordena a coalizão de veículos Comprova, focada em verificação de boatos, reitera também que o projeto não recebe fundos nem participa do programa de checagem descontinuado pela Meta nos Estados Unidos.
IDEC
O Idec também manifestou preocupação com as mudanças anunciadas por Mark Zuckerberg na moderação de conteúdo do Facebook, Instagram e Threads. “A substituição de verificadores de fatos por “notas comunitárias” e a redução de filtros de moderação podem aumentar a circulação de desinformação, discurso de ódio e conteúdos nocivos nas plataformas”.
“Essas alterações afrontam iniciativas regulatórias legítimas e impactam diretamente o dia a dia dos usuários, expondo-os a fraudes, abusos e informações enganosas que podem prejudicar ações cotidianas, como compras online e busca de informações sobre saúde. Além de também ser potencialmente perigosa em períodos eleitorais, o enfraquecimento das regras de moderação diminui a segurança das plataformas, especialmente para grupos mais vulneráveis, como idosos, pessoas negras, crianças e adolescentes”.
O Idec alerta que as mudanças anunciadas pela Meta demonstram o “problema estrutural da concentração de poder nas mãos de corporações que atuam como árbitros do espaço público digital e privilegiam interesses corporativos em detrimento da segurança e dos direitos dos usuários”.
*Com informações da AFP
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