Tayyip Erdogan, presidente da Turquia (Foto: REUTERS/Umit Bektas)
Um decreto publicado no Diário Oficial da Turquia ordena o fechamento de 45 jornais, 16 emissoras de TV e 23 estações de rádio, segundo notícia divulgada nesta quarta-feira (27) pela agência oficial Anadolu. A lista de meios de comunicação não foi divulgada, mas de acordo com a emissora de TV privada CNN-Türk tratam-se, essencialmente, de meios de comunicação locais, mas também alguns de audiência nacional.
Mais cedo nesta quarta-feira (27), conforme reportado pela rede alemã “Deutsche Welle”, as autoridades turcas emitiram mandados de prisão para 47 antigos executivos e jornalistas do jornal “Zaman”, como parte da investida contra suspeitos de apoiar o clérigo islâmico Fethullah Gülen, que vive nos Estados Unidos e é acusado pelo governo de Recip Tayyip Erdogan de estar por trás da tentativa de golpe militar de 15 de julho na Turquia. Gülen nega.
Ao menos um jornalista, o ex-colunista Sahin Alpay, foi detido em sua casa na manhã desta quarta, segundo a agência de notícias estatal Anadolu. O jornal, que já foi ligado ao movimento religioso de Gülen, está sob tutela estatal desde março, quando adotou uma linha pró-governo. Como informa a agência Reuters, além das medidas contra imprensa, um total de 1.684 militares foi dispensado.
Militares
Cento e quarenta e nove generais e almirantes foram destituídos por suposta participação no golpe fracassado, anunciou um funcionário de alto escalão do governo nesta quarta-feira.
“Foram destituídos por sua cumplicidade na tentativa de golpe de Estado”, declarou a fonte à France Presse, destacando que são 87 oficiais superiores do Exército, 30 da Aeronáutica e 32 da Marinha.
As demissões acontecem na véspera de um Conselho Militar Supremo. Participarão dessa reunião o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, e outros oficiais de alta patente. O objetivo é fazer um amplo remanejamento das Forças Armadas.
Desde a tentativa de golpe, 178 generais foram colocados sob custódia, ou seja, metade dos generais e almirantes do Exército, de acordo com números divulgados pelo Ministério turco do Interior.
Preocupação
As decisões devem aumentar ainda mais a preocupação entre grupos de direitos e aliados ocidentais da Turquia sobre o alcance do expurgo do presidente Erdogan. Esta semana, o grupo de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional (AI) afirmou que há provas concretas de abusos e de uso de tortura na Turquia contra pessoas detidas depois da tentativa de golpe de Estado.
Algumas das pessoas estão sofrendo “espancamentos e torturas, incluindo estupros, em centro oficiais e não oficiais em todo o país”, afirmou, em comunicado, a organização com sede em Londres.
O presidente turco também, tem dado declarações sobre o restabelecimento da pena de morte no país. Dois dias após a tentativa do golpe militar, Erdogan disse que não deveria haver nenhum atraso no uso da pena capital no país. Ele acrescentou que o governo iria discutir a questão com partidos de oposição.
(Do G1 SP)